domingo, 6 de fevereiro de 2011

MALAN..DRI…CE !!!!

A 23 de Janeiro de 2011 realizaram-se as votações periódicas para a eleição do Presidente da República.
Já foi há alguns dias, mas mesmo assim é difícil resistir à tentação de dizer alguma coisa. No intervalo ouviram-se muitas opiniões e muitas explicações sobre o sucedido. O estranho, mas muito estranho mesmo, foi a passividade com que se aceitou o resultado final.
E assim vejamos:
Durante a campanha eleitoral ouviu-se o “nobre” candidato afirmar, com veemência, que ia à segunda volta com o actual presidente-candidato e que ganharia.
Uma jornalista perguntou-lhe:
- “Como é que o senhor pode afirmar isso com tanta certeza?”
E o “nobre” candidato respondeu-lhe:
- “Eu cá tenho as minhas informações.”
Dá para pensar:
Mas que informações? Como é que numa situação de eleições se pode ter uma certeza tão grande com base em informações? Mas isto vão ser eleições ou trata-se dum jogo no qual “a priori” já se sabe o resultado? Não ouvi bem com certeza?!...
O jogo estava feito, mas não para o “nobre” candidato.
Acompanhei, nesse dia, uma pessoa à sua assembleia de voto, numa cidade em que tudo parecia sereno.
Cheguei à minha assembleia de voto, noutra cidade, e admirei-me:
- Tanta gente para votar?!
Lembrei-me dos tempos depois do 25 de Abril de 1974. Toda a gente votava. E logo pensei:
- Será que desta vez as pessoas resolveram, mesmo, decidir algo de diferente?!
Mas, de repente, veio um indivíduo do interior do edifício e disse:
-“Quem tem cartão e número de eleitor, passe à frente”.
Como era o meu caso, saí do meio da “molhada” de gente que se aglomerava à porta, passei por outros – muitos – que estavam “debaixo de telha” em frente de três mesas, com operadoras de computadores, e fui votar.
Não percebi o que se passava, pois que na assembleia onde estivera primeiro, nem computadores lá vira.
Ao chegar a casa comecei a ouvir as notícias. Eram cerca de 18 horas. Já se começava a esboçar a hipótese do presidente-candidato ser o vencedor à primeira volta. As entrevistas aos “conhecidos” sucediam-se, com a sua propaganda, um tanto velada, o que começou a irritar-me, porque acho que esta atitude é uma violação à Lei, pois pode influenciar ainda muita gente que esteja a ver a TV ou a ouvir a rádio.
Precisamente em cima das 20 horas já davam a notícia de quem era o vencedor.
Pensei: - como é possível? A esta hora ainda há muitas assembleias de voto que não têm os votos todos contados, tendo em consideração a quantidade de gente que vi no local onde votei!
A seguir, começaram a falar do problema com o cartão do cidadão, que não tinha o número de eleitor, as pessoas não o sabiam de cor, e mesmo quem era portador do cartão antigo, nada podia fazer porque na maioria dos casos lhe tinham mudado não só o número como também a freguesia onde votar. Mesmo sem as pessoas terem mudado de freguesia!
E… trabalho bem feito: os cadernos eleitorais estão ordenados numericamente e não alfabeticamente, - aliás, sempre assim foi -  senão nada disto tinha acontecido: pelo nome descobrir-se-ia o número de eleitor e toda a gente poderia votar, pelo menos aqueles a quem lhes não fora mudada a freguesia.
A dificultar tudo isto, um como que “apagão”, pois o sistema informático não respondia.
Resultado: milhares de pessoas, ao que parece, não puderam votar. E, de certeza, também, as que encontrei na minha freguesia, em bicha para os tais computadores.
Não percebo, então, porque não vi computadores na primeira assembleia de voto onde estive, nesse dia, pois sei que já muita gente, aí, é portadora desse “célebre” cartão de cidadão.
Para mim, a única solução política decente, neste caso, era a anulação destas eleições e a sua repetição para, pelo menos, quinze dias ou três semanas mais tarde para que a base de dados fosse corrigida e as pessoas avisadas.
Põe-se a questão: foi malandrice? foi intencional? foi um acaso?
Vivemos mesmo em DEMOCRACIA? “That is the question?”

Rosa dos Ventos

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