sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eleições 2011 para a Presidência da República

Já não são as primeiras e não serão as últimas, assim o espero!
Tivemos seis candidatos a disputar o lugar.
Pena é que a Democracia em Portugal ainda não seja uma realidade, pois que a comunicação social não tratou todos de igual modo.
Desta vez até os programas “residentes” nos vários canais, quer nos públicos quer nos privados, foram utilizados para propaganda aos candidatos.
Escusado será dizer que os candidatos mais evidenciados nestes programas foram os da direita em detrimento dos da esquerda ou dos independentes.
Os próprios candidatos tiveram condições muito diferentes para fazerem a sua propaganda: uns limitaram-se ao tempo regulamentar , outros não, começaram muito mais cedo, pois que as condições privilegiadas de que gozaram assim lhe permitiram; as condições económicas são igualmente mais vantajosas para uns do que para outros.
Além disso, só dois, no meu entender, fizeram os seus discursos direccionados para o lugar a que se candidatavam. Pois se os poderes do Presidente da República são tão reduzidos, de acordo com as queixas já produzidas em público, como podem prometer “mundos e fundos” como se estivessem em campanha para as legislativas?
Por fim, é triste verificar que pessoas com os perfis destes candidatos, demonstrem uma tão grande falta de democracia e respeito pelos seus adversários, como o fizeram alguns.
Pois quem se candidata ao mais alto cargo da Nação tem a obrigação e o dever democrático de aceitar e respeitar toda  a gente quaisquer que sejam as suas ideias políticas.
Não me compete indicar uma intenção de voto, mas gostaria de poder contribuir para que analisassem os pontos que refiro para verificarem quem mais nos convém especialmente em face do período tão difícil que atravessamos, e para o qual, nós, o povo, nada contribuímos, mas somos os que mais sofremos as suas consequências.
Não deixem de votar, que o mesmo é dizer, exerçam o vosso dever de cidadania.

Rosa dos Ventos

sábado, 15 de janeiro de 2011

SOLIDÃO

                    

Levei algum tempo para escolher o tema com o qual me deveria iniciar como “blogger”.
Procurava um livro e encontrei outro, onde li um poema que, ou me tinha passado despercebido anteriormente, ou não o li com a profundidade que ele merecia. Vieram-me, portanto à memória duas frases:
1ª. - “se os reformados podem frequentar as Universidades Séniores, é porque ainda estão em condições de continuar no activo”;
2ª. – “eu ouço o silêncio”
A primeira foi proferida por um jornalista na TV; a segunda, ouvi-a numa aula, à professora de psicologia, que tinha ficado impressionada com esta frase de uma pessoa idosa que se encontra num lar onde ela esteve a estagiar.
Para analisar a primeira frase, direi que as Universidades Séniores foram a melhor descoberta/invenção para abranger os reformados que querem continuar “a mexer”, a conviver, a aprender. Mas que não estavam já, nem com idade nem com capacidade para continuar com obrigações/responsabilidades e a ter que cumprir horários. Temos que pensar que nós trabalhamos para viver e não vivemos para trabalhar – mas há muita gente que ainda não interiorizou isto!...  Contudo, não há nenhum reformado que pare, a não ser que esteja doente ou tenha a infelicidade de se reformar num dia e adoecer no outro – que azar!
A segunda frase representa um estado de espírito muito, muito preocupante. Pois é de alguém que, embora estando num lar, rodeada de gente, se sente só, tão só que até ouve o silêncio. É triste que isto aconteça. E que pensar da causa desta situação? Terá esta pessoa sido ali abandonada pela família por falta de recursos financeiros ou de espaço na habitação? Terá sido porque os filhos ou familiares têm a vida tão ocupada que pensaram que ali teria mais companhia? Será uma pessoa só, na vida? Divagar, para quê?
Quando pensará quem governa que um dia também será “velho” e poderá acabar sozinho? O dinheiro não resolve tudo e mesmo um “lar de luxo” não é a mesma coisa que a nossa casa (recorde-se uma novela da TVI que versou este assunto). E mesmo que se possa ter uma empregada ou mais, para se ser servido, poderá “ouvir-se o silêncio”.
Há que dar condições às famílias para que possam ter os seus “velhos” junto de si, e estes poderem, assim, desfrutar o último tempo que lhes resta com dignidade, normalidade e alegria.
Transcrevo um poema de minha mãe sobre este assunto, e pensando melhor, agora, no seu conteúdo, dou-lhe razão: teve sempre uma casa cheia de gente; dividiu-se e subdividiu-se para todos, filhos e marido, e sogra (quando esta precisou, nada lhe faltou) e também trabalhava fora de casa para nos poder levar de férias, como ela dizia: “o que eu ganho é para podermos ir para a praia”. E, no fim… era uma pessoa só!

               SOLIDÃO
És muito minha amiga, solidão!
Tu estás sempre onde Deus está.
Se sais, logo voltas, em prontidão,
Que outrém, o teu lugar, tirar não vá.

Por vezes, chamas p’ra te acompanhar
Tuas filhas: a tristeza, a mágoa e a dor,
Que muito bem se sabem instalar
Muito pertinho da mãe, com amor.

Tua companheira assídua é a tristeza
Que vai fornecendo a mágoa e a dor;
Ficando, assim, a minha alma então presa

Às tuas garras, que ferras com vigor
Em mim, p’ra não mais me querer largar
E, para sempre, comigo morar.
                                                 Évora, 13 de Agosto de 1992
Maria de Portugal