domingo, 6 de fevereiro de 2011

SOLIDARIEDADE

Esta palavra, como qualquer outra, pode ter pelo menos duas interpretações:

·         ajuda ao próximo por solidariedade natural e espontânea
ou
·         ajuda ao próximo em substituição dos direitos de que é credor.

Explicitando melhor através de exemplos:

·         é-se solidário com uma pessoa quando a ajudamos a superar obstáculos naturais para os quais se não encontra - ou já se não encontra - com capacidades físicas para o fazer;

·         é-se solidário com uma pessoa quando lhe damos amparo moral ou lhe fazemos companhia para se não sentir só;

·         mas, quando se ajuda em substituição dos direitos de que ela é credora, é humilhá-la na sua dignidade.

Contudo, vivemos agora numa sociedade, em que os políticos deste País falam de “solidariedade”, porque por negligência da política que praticam retiram às pessoas direitos inerentes à sua condição de cidadãos e “obrigam-nas” a socorrer-se da solidariedade alheia e anónima para sobreviver.

(Estamos, mesmo, no século XXI?!!!...)

- Será que gostariam, eles próprios, de se ver nessa situação?

Há um ditado popular que reza assim: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.

Dizendo de outra maneira: nada na política governativa devia ser feito pensando SÓ nos outros, mas no EU (aquele que elabora as regras a que ele e os outros se devem subordinar). O EU faz parte do conjunto OUTROS, logo, aquilo de que o EU não gostar, os OUTROS também não vão gostar, com certeza!

Solidariedade séria e desinteressada é aquela que é apresentada no filme “Mente Brilhante” e que se baseia no facto de como uma pessoa a quem é reconhecido grande mérito, por ser, efectivamente, uma mente brilhante, ultrapassa todos os limites duma mente normal. Cai num estado patológico, necessita de tratamento médico - todos o reconhecem - mas ao mesmo tempo admiram-no, ajudam-no, mantêm-no no seu lugar de professor na Universidade, têm-no como seu mestre insubstituível e não como alguém que é suportado por dó e piedade, e até o propõem para o prémio Nobel, que lhe é efectivamente atribuído.

Vi o filme e fiquei a pensar: - se isto se passasse no meu País, como seria?

O ser uma pessoa “fora do normal”, a tal mente brilhante, em Portugal, não lhe iria servir de nada; pois que, assim que se soubesse, que precisava de tratamento médico, era tido como louco, pessoa desprezível e perigosa, nunca mais poderia exercer o seu trabalho, cairia no esquecimento, e perderíamos um intelectual que muita falta ficaria a fazer aos seus alunos e colegas.

Se para tudo se diz que “O Mundo Mudou”, porquê, mudar para pior? Porque se há-de copiar o mau em vez de trazer o mau até nós? Porquê estragar o que existe em vez de o requalificar para melhor? Porquê igualar por baixo e não igualar por cima? Porquê não respeitar o próximo e “embarcar” nas “malhas” de quem quer conquistar a Europa por meio de tratados, quando não o conseguiu através de duas guerras mundiais? Será que os considerados “terceiro-mundistas” se preparam para nos dar o exemplo do que deve ser feito?
Esperemos para ver. Até lá reflictamos no que se está a passar em “nossa casa” e corrijamos os erros enquanto é tempo.

Rosa dos Ventos

MALAN..DRI…CE !!!!

A 23 de Janeiro de 2011 realizaram-se as votações periódicas para a eleição do Presidente da República.
Já foi há alguns dias, mas mesmo assim é difícil resistir à tentação de dizer alguma coisa. No intervalo ouviram-se muitas opiniões e muitas explicações sobre o sucedido. O estranho, mas muito estranho mesmo, foi a passividade com que se aceitou o resultado final.
E assim vejamos:
Durante a campanha eleitoral ouviu-se o “nobre” candidato afirmar, com veemência, que ia à segunda volta com o actual presidente-candidato e que ganharia.
Uma jornalista perguntou-lhe:
- “Como é que o senhor pode afirmar isso com tanta certeza?”
E o “nobre” candidato respondeu-lhe:
- “Eu cá tenho as minhas informações.”
Dá para pensar:
Mas que informações? Como é que numa situação de eleições se pode ter uma certeza tão grande com base em informações? Mas isto vão ser eleições ou trata-se dum jogo no qual “a priori” já se sabe o resultado? Não ouvi bem com certeza?!...
O jogo estava feito, mas não para o “nobre” candidato.
Acompanhei, nesse dia, uma pessoa à sua assembleia de voto, numa cidade em que tudo parecia sereno.
Cheguei à minha assembleia de voto, noutra cidade, e admirei-me:
- Tanta gente para votar?!
Lembrei-me dos tempos depois do 25 de Abril de 1974. Toda a gente votava. E logo pensei:
- Será que desta vez as pessoas resolveram, mesmo, decidir algo de diferente?!
Mas, de repente, veio um indivíduo do interior do edifício e disse:
-“Quem tem cartão e número de eleitor, passe à frente”.
Como era o meu caso, saí do meio da “molhada” de gente que se aglomerava à porta, passei por outros – muitos – que estavam “debaixo de telha” em frente de três mesas, com operadoras de computadores, e fui votar.
Não percebi o que se passava, pois que na assembleia onde estivera primeiro, nem computadores lá vira.
Ao chegar a casa comecei a ouvir as notícias. Eram cerca de 18 horas. Já se começava a esboçar a hipótese do presidente-candidato ser o vencedor à primeira volta. As entrevistas aos “conhecidos” sucediam-se, com a sua propaganda, um tanto velada, o que começou a irritar-me, porque acho que esta atitude é uma violação à Lei, pois pode influenciar ainda muita gente que esteja a ver a TV ou a ouvir a rádio.
Precisamente em cima das 20 horas já davam a notícia de quem era o vencedor.
Pensei: - como é possível? A esta hora ainda há muitas assembleias de voto que não têm os votos todos contados, tendo em consideração a quantidade de gente que vi no local onde votei!
A seguir, começaram a falar do problema com o cartão do cidadão, que não tinha o número de eleitor, as pessoas não o sabiam de cor, e mesmo quem era portador do cartão antigo, nada podia fazer porque na maioria dos casos lhe tinham mudado não só o número como também a freguesia onde votar. Mesmo sem as pessoas terem mudado de freguesia!
E… trabalho bem feito: os cadernos eleitorais estão ordenados numericamente e não alfabeticamente, - aliás, sempre assim foi -  senão nada disto tinha acontecido: pelo nome descobrir-se-ia o número de eleitor e toda a gente poderia votar, pelo menos aqueles a quem lhes não fora mudada a freguesia.
A dificultar tudo isto, um como que “apagão”, pois o sistema informático não respondia.
Resultado: milhares de pessoas, ao que parece, não puderam votar. E, de certeza, também, as que encontrei na minha freguesia, em bicha para os tais computadores.
Não percebo, então, porque não vi computadores na primeira assembleia de voto onde estive, nesse dia, pois sei que já muita gente, aí, é portadora desse “célebre” cartão de cidadão.
Para mim, a única solução política decente, neste caso, era a anulação destas eleições e a sua repetição para, pelo menos, quinze dias ou três semanas mais tarde para que a base de dados fosse corrigida e as pessoas avisadas.
Põe-se a questão: foi malandrice? foi intencional? foi um acaso?
Vivemos mesmo em DEMOCRACIA? “That is the question?”

Rosa dos Ventos