Esta palavra, como qualquer outra, pode ter pelo menos duas interpretações:
· ajuda ao próximo por solidariedade natural e espontânea
ou
· ajuda ao próximo em substituição dos direitos de que é credor.
Explicitando melhor através de exemplos:
· é-se solidário com uma pessoa quando a ajudamos a superar obstáculos naturais para os quais se não encontra - ou já se não encontra - com capacidades físicas para o fazer;
· é-se solidário com uma pessoa quando lhe damos amparo moral ou lhe fazemos companhia para se não sentir só;
· mas, quando se ajuda em substituição dos direitos de que ela é credora, é humilhá-la na sua dignidade.
Contudo, vivemos agora numa sociedade, em que os políticos deste País falam de “solidariedade”, porque por negligência da política que praticam retiram às pessoas direitos inerentes à sua condição de cidadãos e “obrigam-nas” a socorrer-se da solidariedade alheia e anónima para sobreviver.
(Estamos, mesmo, no século XXI?!!!...)
- Será que gostariam, eles próprios, de se ver nessa situação?
Há um ditado popular que reza assim: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.
Dizendo de outra maneira: nada na política governativa devia ser feito pensando SÓ nos outros, mas no EU (aquele que elabora as regras a que ele e os outros se devem subordinar). O EU faz parte do conjunto OUTROS, logo, aquilo de que o EU não gostar, os OUTROS também não vão gostar, com certeza!
Solidariedade séria e desinteressada é aquela que é apresentada no filme “Mente Brilhante” e que se baseia no facto de como uma pessoa a quem é reconhecido grande mérito, por ser, efectivamente, uma mente brilhante, ultrapassa todos os limites duma mente normal. Cai num estado patológico, necessita de tratamento médico - todos o reconhecem - mas ao mesmo tempo admiram-no, ajudam-no, mantêm-no no seu lugar de professor na Universidade, têm-no como seu mestre insubstituível e não como alguém que é suportado por dó e piedade, e até o propõem para o prémio Nobel, que lhe é efectivamente atribuído.
Vi o filme e fiquei a pensar: - se isto se passasse no meu País, como seria?
O ser uma pessoa “fora do normal”, a tal mente brilhante, em Portugal, não lhe iria servir de nada; pois que, assim que se soubesse, que precisava de tratamento médico, era tido como louco, pessoa desprezível e perigosa, nunca mais poderia exercer o seu trabalho, cairia no esquecimento, e perderíamos um intelectual que muita falta ficaria a fazer aos seus alunos e colegas.
Se para tudo se diz que “O Mundo Mudou”, porquê, mudar para pior? Porque se há-de copiar o mau em vez de trazer o mau até nós? Porquê estragar o que existe em vez de o requalificar para melhor? Porquê igualar por baixo e não igualar por cima? Porquê não respeitar o próximo e “embarcar” nas “malhas” de quem quer conquistar a Europa por meio de tratados, quando não o conseguiu através de duas guerras mundiais? Será que os considerados “terceiro-mundistas” se preparam para nos dar o exemplo do que deve ser feito?
Esperemos para ver. Até lá reflictamos no que se está a passar em “nossa casa” e corrijamos os erros enquanto é tempo.
Rosa dos Ventos