domingo, 15 de abril de 2012

O CARTÃO DO CIDADÃO

Em 18 de Fevereiro 2010 estive a ouvir um programa sobre os golfinhos e sobre o Zoo onde eles se encontram, tendo sido abordado o caso de tartarugas que já têm aparecido na nossa costa, perdidas, e na maioria dos casos feridas, por terem sido apanhadas por redes ou outros aparelhos de pesca que as molestam. Acabam por ser conduzidas para aquele Zoo para se restabelecerem, onde por vezes têm que proceder a operações de amputação de uma barbatana, por exemplo, para lhes salvarem a vida. Depois de restabelecidas, aplicam-lhes um “chip” e lançam-nas de novo ao mar para que elas  possam ir reunir--se ao seu grupo.
Contaram que há uma que se vai a dirigir para a América Latina – longa viagem! – mas que vai sendo seguida pelos técnicos do Zoo devido ao “chip”que lhe colocaram.

Daí, veio-me à ideia o célebre cartão do cidadão – invenção de José Sócrates, PM de Portugal desde 2005 – que também contém um “chip” que de acordo com a Lei que lhe dá vida, não se sabe bem para que serve, mas que pode ser para dados que as respectivas entidades considerem necessários.

Ligado este ao outro, que as mesmas entidades desejam seja colocado nas matrículas de todos os carros – dizem, que com o intuito de os carros poderem ser detectados pela polícia em caso de, por exemplo, car jacking – senti que os portugueses não são mais que ovelhas, cabras, vacas, tartarugas, que em qualquer momento, podem ser detectados algures, no mais recôndito lugar do mundo onde se encontrem, perdendo assim o direito à privacidade e à liberdade de mobilidade que a Constituição Portuguesa lhes confere.

Tanta crítica que ouvi à União Soviética e aos seus países satélites porque perseguiam os cidadãos e os traziam bem controlados! Seria deste modo? Querem ver que copiaram o modelo?

É mesmo à portuguesa: critica-se, condena-se, diz-se mal e por fim, copia-se. Mas agora em nome da liberdade e da democracia!

Rosa dos Ventos

segunda-feira, 2 de abril de 2012


O DIA 1 DE ABRIL

O dia 1 de Abril foi sempre considerado o “Dia da Mentira”.
Este conceito fez sempre parte da minha vida e da de todos os da minha idade.
Leváva-nos a ouvir a rádio, ver a TV – quando ela apareceu -, ler os jornais, especialmente os regionais, os da nossa cidade, para ver se conseguíamos descobrir “a mentira” que cada um introduzia nas suas notícias e artigos. Era como que uma disputa entre nós e eles. Era uma ânsia esperar pelo dia 2 de Abril para ver se tínhamos acertado na “mentira” publicada, porque elas eram reveladas no dia seguinte.
Baseavam-se numa “coisa boa” que toda a população desejava que acontecesse, pois em geral anunciavam algo de bom para todos e aludiam, por exemplo e quase sempre a uma obra pública que beneficiasse a população do País ou duma região.
Era algo que nos divertia, que nos preenchia o espírito com o desejo de acertar, de descobrir: era uma brincadeira inofensiva que nos alterava a rotina, que mexia com todos e era uma tradição que se ia passando de geração em geração.
Hoje-em-dia procuram desfazer-nos todas estas tradições, todos estes encantamentos de mudança de rotina, e muito em especial esta do “dia das Mentiras”, pois, presentemente, a todas as horas, somos bombardeados com mentiras.
E o pior da situação é que não são mentiras piedosas, são mentiras perigosas, são mentiras que mexem com a vida das pessoas, com o bem-estar de todos nós, graúdos e miúdos, com a nossa sobrevivência, com o nosso direito à vida, com o nosso direito à existência como seres humanos portadores de dignidade, de personalidade, de respeitabilidade e de conscienciabilidade.
Deixo aqui o pedido e um voto para que nos unamos e construamos uma contra-barreira para que estes pequenos grandes nadas de que é constituída a vida de um povo e as suas tradições não desapareçam.

Rosa dos Ventos